Coração de porco pode começar a ser transplantado para humanos
O grupo espera que os testes em corações de suínos sejam concluídos até o final de 2015, quando deve ser iniciado o processo de liberação dos primeiros testes em humanos.
Como funciona
Em 2012 foram feitos 227 transplantes no Brasil |
Descelularizar tecidos é uma técnica estudada por pesquisadores do mundo todo. Ela já é usada para fazer implantes de órgãos como bexiga, nariz, orelha e válvulas cardíacas. Os cientistas injetam uma substância chamada de detergente que lava o órgão e desgruda todos os componentes lipídicos (gordura), que compõem a estrutura celular. Desta forma, as células são expelidas.
No caso do coração, aos poucos, ele perde a cor avermelhada e fica quase transparente. Sobra apenas a membrana formada por colágeno e proteínas. Ela serve como um molde tridimensional, onde as células do paciente serão implantadas e, a partir daí, o novo coração será formado. "Elas serão injetadas no órgão que vai ser banhado aos poucos, recobrindo todos os espaços vazios. A ideia é de que nesse ambiente, as células comecem a desempenhar funções cardíacas, fazendo o coração bater de forma sincronizada", afirma Goldenberg.
Agora, os cientistas da UFRJ buscam descobrir qual o melhor grupo de células para utilizar no processo de rescelularização cardíaca. A equipe, composta por seis pesquisadores, irá "reprogramar" as células para que elas voltem ao estado embrionário, quando podem receber diferentes funções. Neste estágio, serão transformadas em células cardíacas e implantadas no coração a ser transplantado.
Válvulas cardíacas descelularizadas
aos implantes tradicionais.
"Com o tempo, se percebeu que as válvulas produzidas por meio da criopreservação apresentavam rejeição no outro organismo. Não é um problema agudo, mas com o passar do tempo, o sistema imunológico do receptor tenta expulsar o implante. Ele ataca a válvula e a calcifica, exigindo a troca do órgão", argumenta Francisco Diniz Affonso da Costa, diretor médico do Banco de Valvas Cardíacas Humanas da Santa Casa de Curitiba.
As válvulas descelularizadas são extraídas de corações de doadores que, por algum motivo, não puderam ser transplantados em outra pessoa. De acordo com Walter José Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, a capacidade de doação no país é de cerca de 1.700 órgãos ao ano, mas nem metade disso chega a ser transplantado. "O número de transplantes está crescendo anualmente, mas poderia ser muito maior. O problema está na operacionalização. Muitos procedimentos deixam de ser feitos por não serem realizados em tempo hábil."
Os corações não transplantados são enviados para os bancos de válvulas. Elas são processadas e mantidas sob o método de criopreservação ou são descelularizadas. "Depois de retirarmos as células, a válvula é armazenada até dois meses, para então ser implantada no paciente. O próprio organismo a repovoa com as células do receptor. A resposta imunológica é melhor, as válvulas não calcificam e apresentam mais eficácia no desempenho ", destaca Costa.
De 2005 a 2013, o Brasil registrou 1.500 implantes de válvulas cardíacas e pulmonares. A escolha pelo tipo de órgão, sintético ou descelularizado, é feita pelo cardiologista. Hoje, o Banco de Valvas Cardíacas Humanas de Curitiba é o único do Brasil a oferecer este tipo de órgão. A instituição recebe pedidos de todo o país e possui lista de espera.
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